29 de dezembro de 2011

XV

Joana: Ok, agora já posso continuar a correr?
Salvador: Hum, Não... Sem mim.
Joana: Porquê que não me largas? - gritei.
Salvador: E porquê que não paras um bocado e não nos vamos sentar ali na praia a falar?
Joana: E se eu não quiser? - disse de uma forma super arrogante.
Salvador: Se não quiseres continuo a "correr" contigo.
Joana: Não desistes?
Salvador: Nunca desisto daquilo que quero.
Joana: E o que é que queres?

Um silêncio constrangedor apareceu do nada na nossa conversa sem sentido. Eu parei de correr e ele não pronunciou absolutamente nada, apenas olhava-me fixamente sem pestanejar.

Joana: Diz-me. - disse-lhe com uma certa preocupação.
Salvador: Quero apenas ficar a conversar contigo e perceber o porquê que no outro dia foste para a praia deserta. - disse com a cara sempre inclinada para outro sentido sem ser na minha direcção.
Joana: Mas, eu já te respondi a isso.
Salvador: Aceitas vir tomar um café comigo? - perguntou ao mesmo tempo que estendeu a sua mão.
Joana: Não sei se deva. - respondi-lhe indecisamente.
Salvador: Vá eu pago.
Joana: Porquê que não nos sentamos apenas naquele banco ali à frente? Acho melhor. -pisco-lhe o olho.
Salvador: Óptimo. - disse enquanto sorria de uma forma inimaginável.

   Fomos andando sempre em frente, e quando chegámos ao banco sentá-mo-nos, e ele ... Ele sentou-se tão próximo de mim. Mas afinal o que quer de mim? Será que é só aquilo daquela praia? Ou será que a praia é só um pretexto para falar comigo? Eu sinceramente nem sei, mas a verdade é que estou a gostar de falar com ele! Durante aquele pequeno percurso até ao banco, nós mantemo-nos em pleno silêncio até que...

Joana: Eu fui lá porque queria apenas apanhar um pouco de sol, descontrair e meditar. Mas porquê tanta insistência no porquê de ir àquela praia? Não percebo. - respondi-lhe à pergunta feita à minutos atrás.
Salvador: Não és desta zona pois não?
Joana: Não.
Salvador: Existe uma história daquela praia que faz com que ninguém ou quase ninguém se dirija até lá.
Joana: E podes-me contar essa história?
Salvador: Um dia.
Joana: Porque não agora? - disse de um modo rude.
Salvador: É melhor não.
Joana: Eu não acredito, por amor de Deus, que desperdício de tempo. Vou mas é continuar a correr. Tchau aí.
Salvador: Não vás Joana!
Joana: Como sabes? Hã? O quê?
Salvador: Fica. - disse num tom de desespero.
Joana: Como sabes o meu nome?
Salvador: Ando demasiado atento.
Joana: Vemo-nos por aí, é melhor ir-me já embora.

Fui-me afastando, e vários pensamentos ocorreram-me ao mesmo tempo. Ele é estranho, gosto dele.



27 de dezembro de 2011

XIV

A manhã chegou, o sol já tinha nascido e hoje estava cheio de força. Abri os olhos e esfreguei-os e o que vi logo foi o Ricardo, a dormir que nem um bebé. Comecei a beijar-lhe a cara e a fazer um risos tímidos, até que ele acordasse. Aqueles olhos azuis abriram-se, foi quase como uma flor a desabrochar. Olhou-me com uma admiração estupidamente inimaginável...

Ricardo: Bom dia, meu amor. - disse com uma voz enferrujada.
Joana: Bom dia ursinho da minha vida.
Ricardo: Logo bons elogios pela manhã.
Joana: É assim que se faz com que o dia valha a pena. - solto um largo sorriso.
Ricardo: Assim como? - disse, como se não tivesse percebido.
Joana: Acordar contigo envolvido em mim.
Ricardo: Foi só a primeira noite. - lançou um olhar de galã na minha direcção.
Joana: Nem penses que é todos os dias meu doido.
Ricardo: Pois logo vi, és fraca demais. Eu compreendo meu amor.
Joana: Eu dou-te a fraca. - disse enquanto me punha em cima dele fazendo-lhe cocegas. - Vá e agora vou tomar um banho e descer porque estou esfomeada.
Ricardo: Ainda é cedo Joana, são oito horas da manhã. Fica aqui comigo, só mais um bocadinho. - disse enquanto me agarrava para voltar para a cama.
Joana: Nem penses, assim é que se começa o dia bem cedinho. Deixa-me seu idiota.
Ricardo: Nãoooooo... - Disse como se fosse o último dia que lhe restava.
Joana: Bye bye lover.

Tomei o meu baninho, tomámos o pequeno-almoço juntos e depois fui fazer uma corrida matinal, afinal tenho de estar em forma. E "pumba", o tal rapaz da praia aparece-me à frente, vinha na mesmo bicicleta que o vira ontem tinha uma t-shirt estampada e uns calções de praia. O seu cabelo loiro acastanhado reluzia com a luz que o sol transmitia, e aqueles enormes olhos verdes centravam-se numa só coisa, em MIM.

Desconhecido: Olá.
Eu mantive-me sempre em silêncio , tentando ignorá-lo.
Desconhecido: Também és daquele tipo de pessoas que ouvem os conselhos dos pais e não falam com estranhos?
Joana: Sim, é exactamente isso. - disse continuando a tentar ignorar aqueles olhos.
Desconhecido: Não és boa a fazer isso.
Joana: Fazer o quê?
Desconhecido: Ignorar-me.
Joana: Olha... Deves-te achar o centro das atenções, não? - disse com um tom de voz mais alto do que o normal.
Desconhecido: Tenho a certeza que sim. - Fez um olhar de galã.
Joana: Desculpa lá, mas não costumo gostar desse tipo de pessoas.
Desconhecido: Que pena a minha não achas?
Joana: Sim sim, claro. - disse ignorando-o e continuando a correr.
Desconhecido: Já tomaste o pequeno-almoço?
Joana: Porquê? Estás com intenções de me levar a tomar o pequeno-almoço contigo? Esquece lá, fofinho.
Desconhecido: Óbvio que não, apenas queria-me certificar que comeste antes de fazeres exercício. - disse um pouco atrapalhado.
Joana: Interessas-te pela saúde de pessoas que nem sequer conheces é?
Desconhecido: É é, no futuro vou ser nutricionista.
Joana: Para além de doido e mal educado, ainda és mentiroso.
Desconhecido: Pois, mentir não é o meu forte. - disse ao mesmo tempo que soltava umas pequenas gargalhadas por entre as palavras.
Joana: Admite lá que me querias levar a tomar um galão ou umas torradinhas na primeira pastelaria que visses!
Desconhecido: Sim claro, era definitivamente o meu sonho.
Joana: Idiota. - disse enquanto aumentava de velocidade.
Desconhecido: Espera por mim.
Joana: Porque haveria eu de esperar por uma pessoa cujo o nome ainda não sei?
Desconhecido: Boa desculpa para saberes o meu nome.
Joana: Ok, és mesmo idiota. - voltei a aumentar a velocidade da minha corrida.
Desconhecido: Salvador. - disse quase sussurrando.
Joana: Disseste alguma coisa?
Desconhecido: O meu nome é Salvador.
Continua.

22 de dezembro de 2011

XIII

Subi e fui ao encontro de Sara.

Sara: Quem era aquele?
Joana: Um atrasado mental, tens bem noção que me atirou areia para a cara com as barbatanas e nem pediu desculpa?
Sara: A sério?
Joana: Sim, nem sabes a raiva que me meteu.
Sara: Imagino eu também ficava assim.
Fiz um som esquisito com a boca.
Sara: E como se chama?
Joana: Eu sei lá, e nem quero saber. Olha sabes que  mais? Não o quero ver mais, é mesmo isso.
Sara: Ok tu é que sabes. Vamos entrar? Compramos frango para o jantar. - fez-me um sorriso doce.
Joana: Óbvio estou com imensa fome.

Fomos andando para casa, e imaginem lá quem passa mesmo à minha frente? Sim... Aquele rapaz com uma bicicleta e com a prancha de bodyboard debaixo do braço e pisca-me o olho. A minha reacção foi só e apenas de ignorância, não queria ter nada a ver com aquela mal educado. Vejo que ele para mesmo a bicicleta ao lado da nossa casa de férias, será que é meu vizinho?
Oh gosh, agora está tudo estragado. Passados dois minutos já estávamos à mesa para jantar.

Ricardo: Que andaste aqui a fazer sozinha, hã?
Joana: Fui até à praia meditar.
T: Chama-lhe meditar, foste mas é apanhar 'ganda' bronze. - Faz um olhar de desconfiança.
Joana: Até podia ter feito isso, mas não.
Sara: Deve ser bué gratificante.
Ricardo: O que vai ser bué gratificante vai ser logo à noite. - Lança-me um olhar de sedução.
Joana: Ricardo. - Disse em tom autoritário. - Não fales assim da nossa vida privada pá.
Ricardo: Eu não disse nada. - Ri-se, ao mesmo tempo que Sara e T. - Tu é que levaste para o lado mais perverso.
Joana: Pronto, ok. E hoje quem vai lavar a loiça? - E todos ao mesmo tempo apontaram para mim. - Eu já lavei ao almoço.
Sara: Temos que fazer uma tabela.
T: Também acho.
Ricardo: Eu posso lavar.
Sara: Go Ricardo.

Subimos, e depois pronto, aconteceu. Sim, aconteceu!

Continua.

20 de dezembro de 2011

XII

  Fui arrumar a cozinha e lavar a loiça, sim, porque não há máquina de lavar loiça. Fui até ao meu quarto e do Ricardo e fui arrumar as minhas coisinhas. Olhei através da janela do quarto e vi que a praia ficava sensivelmente a 5/10 minutos de casa. Já conseguia cheirar a brisa marinha, e a areia a fazer-me cocegas nos pés. E ainda por cima a praia estava completamente deserta, devia ser daquela com acesso difícil ou algo do género, e assim ainda melhor pois dava para reflectir ou quem saiba mesmo meditar. Fui vestir um biquíni e agarrei na mala e sai porta fora. Cheguei à praia e bem perto das ondas sentei-me a olhar para o horizonte, fiquei imóvel durante 20 minutos.
   As memórias do tempo feliz que passei com o Diogo passavam-me pelo pensamento à mistura com as ultimas emoções que passara com o Ricardo... Uma verdadeira confusão.E os pensamentos começaram a ser mais intensos quando...

Joana: Hey, cuidado não? Tanto espaço  e tinha logo que passar mesmo ao meu lado. - Limpando a areia que me tinha entrado pelos olhos e pela face.
Desconhecido: Acontece minha querida. - disse enquanto corria com uma prancha de bodyboard debaixo do braço.
Joana: Ah mas que lata, ao menos pedias desculpa!
Desconhecido: Porquê? Elas não se pedem, evitam-se.
Joana: Muito bem, ao menos sabes alguma coisa. E como tal evitavas passar ao meu lado para que não levasse com areia na cara.
Desconhecido: Quem está mal que se mude.
Joana: Ai eu não acredito nisto. - disse enquanto fazia uns sons animalescos.
Desconhecido: É melhor começares a acreditar.
Joana: Não sei onde anda a tua boa educação.
Desconhecido: Perdi-a.
Joana: Boa, então.
Desconhecido: Até logo, vou apanhar umas ondas.
Joana: Adeus.
Desconhecido: Não vás já, depois quero ter uma conversa civilizada.
Joana: Contigo deve ser impossível.
Desconhecido: Se esperares logo verás.
Joana: Adeus.

Ele começou a afastar-se e eu não tirei os olhos dele, vestiu o fato e começou a fazer alongamentos. De certeza que o fazia porque eu estava ali, parece tão convencido e não é flor que se cheire. Ok, eu estava um bocado irritada mas queria ver a parvoíce que ele fazia com a prancha, para vir para uma praia deserta com certeza que iria fazer figura de otário. Mas, afinal safava-se bem.  E quando ele estava a sair da água eu levantei-me num relance e comecei a ir embora, para que ele não percebesse que na realidade estive este tempo todo à espera dele, e a admirar aqueles seus movimentos.

Desconhecido: Espera. - Grita.
Joana: Ó meu Deus. - falava para mim enquanto andava cada vez mais rápido.
Desconhecido: A sério, espera. - Gritava cada vez mais alto e corria na minha direcção.
Joana: Para quê? - respondi-lhe.
Desconhecido: Apanhei-te. - disse enquanto me agarrava no braço.
Joana: Sim, agora já me podes soltar.
Desconhecido: Nem por isso é uma sensação boa.
Joana: Sim, é um delírio pegar no braço de uma desconhecida.
Desconhecido: Porquê que cá vieste? - disse num tom de voz totalmente diferente que já ouvira antes.
Joana: Vim à praia, é o que as pessoas normais fazem no verão. Ah mas como não és normal deve ser estranho para ti. Eu compreendo.
Desconhecido: Sim, sim, sim. Podes-me chamar anormal as vezes que quiseres mas diz-me o que fez vir a esta praia.
Joana: A brisa marinha. - disse enquanto fechava os olhos e voltava a cheirar a tão intensa brisa.
Desconhecido: Deves ser a única.
Sara: Joanaaaaaaa. - Gritava de lá de cima perto de casa.  - Anda, é a tua vez de fazer o jantar.
Joana: Vou já.
Desconhecido: Parece que moras aqui.
Joana: O que isso te interessa?
Desconhecido: Absolutamente nada.
Joana: Então, tchauzinho.
Desconhecido: Vejo-te por aí.
Joana: Ou não.
Sara: Anda. - Gritava.
 Continua.

XI

 Estava com a minha cabeça nas pernas do Ricardo quando acordei num sobressalto.

Ricardo: Um pesadelo amor?
Joana: Não, apenas um sonho. - disse-lhe mentindo.
Ricardo: Hum... É que falas-te durante esse sonho.
Joana: A sério? Que disse? - disse com ironia.
Ricardo: Gritaste por um tal Diogo. Talvez o teu ex. - respondeu-me com uma voz grossa transmitindo tristeza.
Joana: Ah pois tenho uma vaga ideia que sonhei com o Diogo, mas o Diogo da nossa turma, não é Sara?
Sara: O Diogo Vasques? Ó meu Deus Joana, que horror. - disse enquanto fazia uma cara repugnante.
T: Ai não acredito. - soltando gargalhadas.
Ricardo: Mas, afinal quem é essa Diogo? E o que tem ele de tão nojento?
Sara: É melhor não falarmos mais nisso agora. Que episódio triste Joana!
Joana: Nem me digas nada. - disse ao mesmo tempo que lhe piscava o olho.

Eu menti-lhe, na realidade sonhei mesmo com o Diogo. Porque será que sonhei com ele? É que nem eu própria sei. Muito provavelmente será porque ele ainda está muito presente na minha vida.
E eu ... Eu devia ter contado a verdade ao Ricardo. Ele desconfiou demasiado e eu não queria começar com desconfianças logo no inicio mas não fui capaz.

Joana: Já estamos a chegar?
T: Daqui a 15 minutos estamos lá.
Ricardo: Bem isto tem uma paisagem.
Joana: Realmente é muito bonito. - disse enquanto admirava a paisagem através da janela.
Ricardo: Estou ansioso para que chegue logo à noite. - sussurra-me ao ouvido.
Joana: Estás a começar a revelar-te.- disse soltando um sorriso maroto.

Passados 15 minutos...

Sara: Malta, chegámooooos !
Joana: AAAAAAAH, ramboia.
T: Vou tirar as malas.
Joana: Nós ajudamos.
T: A casa que vamos ficar é esta. É tipo casa de surfista. - disse enquanto apontava para a casa.
Joana: Tinha de ser, como tu és um pro.
T: Eu e o Ricardo.
Joana: Hã?
Ricardo: Ah pois meu amor, é verdade.
Joana: Estou a descobrir-te agora. - fiz-lhe uma cara de surpresa.
Sara: Não tens cara disso.
Ricardo: Olha mas pelos vistos, safo-me bem até.
Joana: Um dia, ensinas-me.
Ricardo: Quando quiseres.
Joana: E o T, ensina a Sara.
T: Não me importo nada.
Joana: Eu sei que não. - solto uma gargalhada. - Ó Sara não fiques corada.
Sara: Estúpida.
Ricardo: Um dia, vocês hão-de nos dar razão.
Sara: Ou não.
T: Não os subestimes. Vá é melhor é entrar e arrumar as coisas.

Entrámos na casa, e era simplesmente perfeita, por dentro e por fora. Tinha 3 quartos 2 casas de banho uma cozinha com ligação a uma sala. Ok a decoração tinha tudo a ver onde estávamos... PRAIA. Almoçámos qualquer coisa e metemo-nos à conversa.

Sara: E quando a Joana andou com aquele nerd do 8º ano.
Joana: Ó por amor de Deus e se fossem fazer algo mais produtivo do que estar a falar de mim?
T: Também acho. Vamos conhecer as redondezas?
Ricardo: Bora.
Sara: Sim, estou ansiosa para conhecer as redondezas.
Joana: Eu fico, aproveito e arrumo esta casa que está completamente horrível.
Sara: Tens a certeza que não queres vir?
Joana: Não, quero ficar. Vão e divirtam-se.
Ricardo: Até logo amor. - disse depois de me dar um beijo de despedida.
T: Até logo Joaninha.
Joana: Vá pirem-se!

A casa só para mim, o que vou fazer ? Eis a questão ...
Continua.





17 de dezembro de 2011

X

  Acordei com o som do despertador, o relógio dizia-me que eram 07:00 da manhã. Pedi para dormir mais mas já sabia o que iria acontecer se o fizesse por isso com muito custo tive mesmo que me levantar. Peguei num copo e enchi-o de leite, bebi e meti-me dentro da banheira. Vesti uma blusa azul e uns jeans com umas sandálias, de certeza que quando chegássemos íamos para a praia, ou mesmo antes. Peguei nas minhas malas e tranquei a porta, agora o pior era descer as escadas com tanta mala. Sim... Porque o elevador esta avariado e eu moro no 3º andar. Mas, por minha sorte a minha vizinha ouviu o estrondo das malas a serem arrastadas pelas escadas. Ela chama-se D.Maria  tem os cabelos grisalhos, uns olhos castanhos escuros e uma cara super doce.

D.Maria: Olá minha querida. Estou a ver que precisas de ajuda.
Joana: Se não se importar.
D.Maria: Não me importo nada, por amor de Deus.- diz enquanto pega numa mala. - Vais viajar querida?
Joana: Vou de férias.
D.Maria: Para o Algarve aposto !!
Joana: Sim, vamos para a Zambujeira do Mar, dizem que aquilo lá é lindo.
D.Maria: Já lá fui quando era mais nova, e sim aquilo é lindíssimo.
Joana: Estou ansiosa para lá chegar. 
D.Maria: E vais ficar durante quanto tempo?
Joana: Em principio até fins de Agosto.
D.Maria: Ó minha querida, é que eu e o meu marido vamos mudar-nos.
Joana: A sério? Mas já arranjaram alguém para ficar com a casa?
D.Maria: Sim, é um jovem rapaz.
Joana: Hum... Assim não nos vamos ver mais.
D.Maria: Pois não.
Joana: Então vá, adeus e sempre que precisar de alguma coisa eu estou aqui.
D.Maria: Digo-te o mesmo minha querida, vou ter muitas saudades tuas.

E pronto, nunca pensei que a D.Maria se fosse embora. E sinceramente estou muito ansiosa para saber quem vai ser o meu novo vizinho. Sai da porta do prédio e vi o pessoal todo à minha espera.

Sara: Bom dia.
T: Olá Joana, eu ajudo.te a levar as coisas para a carrinha.
Joana: Bom dia a todos. Obrigada Titi. - Olhei para a carrinha e era absolutamente linda era um pão de forma, o T também pratica surf e quis levar a prancha, ou as pranchas porque estava lá mais que uma.
Sara: Entra. 
Joana: O Ricardo já está lá dentro?
Sara: Sim.
Joana: Olá amor. - dirigindo-me para lhe dar um beijo.
Ricardo: Bom dia, bem que demora.
Joana: Desculpa, estive a falar com a minha vizinha e ela pelos vistos vai-se mudar.
Ricardo: Hum... E já sabes quem é o teu novo vizinho?
Joana: Não e só devo saber quando chegar.
Sara: Cá para mim ainda vai ser um grande nerd. - Dá uma gargalhada.
T: O que estão a falar?
Sara: Nada de mais.
T: Então... Prontos para começar a viagem?
Joana: E o André?
Sara: Ele não te avisou?
Joana: Não.
T: Ele não pode vir, tem de treinar.
Joana: Hum... Ok.
Ricardo: Vá meu, arranca.

Durante a viagem, adormeci. E nem queiram saber no sonho horrível que tive...

Continua.

14 de dezembro de 2011

IX

 O dia começou a correr logo bem. Isto ou aquilo? Aquilo ou acolá? Mais saias ou mais calções? Gel de banho de chocolate ou de mel e leite? Ou os dois?
Ok... Decididamente tinha que ir às compras e tinha só hoje para ir porque amanhã partíamos para a Zambujeira. Peguei no telemóvel e liguei ao meu Ricky para irmos ao shopping de certeza que também precisava de ir.

Joana: Amor?
Ricardo: «Sim?»
Joana: Vens-me buscar? Estava a pensar ir às compras, alinhas?
Ricardo: «Ò princesa desculpa mas já vim com a Matilde.»
Joana: Matide?
Ricardo: «Sim, é uma amiga.»
Joana: Hum... Ok.
Ricardo: «Se quiseres aparece, vou ter de desligar estou a ficar sem bateria, um beijo.»
Joana: Tchau.

Sim... Eu estava um pouco com ciúmes. Não, eu não estava com um pouco, eu estava a MORRER por dentro.
Sim, sim, sim. São só amigos mas... Oh gosh, vocês compreendem. Eu às vezes é que não me compreendo, não costumava ser assim com o Diogo, é por essas e por outras é que acho o Ricardo tão único, deixa-me completamente noutro mundo. Mas, mesmo assim só o facto dele me ter despachado mesmo como se não quisesse falar comigo deixou-me super irritada.
  Bem, depois daquele triste telefonema sai e fui até casa da Sara para ver se ela queria ir comigo.

Joana: Olá.
Sara: Estás bem Joana?
Joana: Estou.
Sara: Não, não estás.
Joana: Sim, não estou.
Sara: Eu sabia, escusavas de mentir.
Joana: Ok... O Ricardo anda às compras com uma tal Matilde.
Sara: E...
Joana: E? Sara, ele está com uma rapariga agora, sozinhos... blá blá blá.
Sara: Que drama.
Joana: Agradeço imenso a tua compreensão.
Sara: Ó Joana estás a fazer grande drama, eles são só amigos.
Joana: Sim, claro.
Sara: Esquece não dá para fazer contigo agora sobre isso.
Joana: Vamos às compras? Preciso imenso.
Sara: Eu também.

Lá fomos e foi super divertido apesar de não deixar de pensar no que estaria o Ricardo a fazer com a tal Matilde.Cheguei a casa e tinha gastado mais de 70€, comprei montes de biquínis, tops , calções, um macacão bué fofinho, montes de acessórios e muitas mais coisas. Estava empolgada para por tudo para dentro da mala, comer e ir ver o filme que ia dar na televisão esta noite. Quando de repente a campainha toca. Abro a porta e deparo-me com o Ricardo e a tal Matilde...

Joana: Olá.
Ricardo: Olá linda. - Enquanto me agarra e dá-me um beijo.
Joana: Quem é ela?
Ricardo: Matilde , Joana esta é a Matilde e Matilde esta é a tão falada Joana.
Matilde: Olá. - cumprimenta-me. - O Ricardo passou a tarde quase toda a falar em ti.
Joana: Ó a sério?
Matilde: Sim.
Joana: Entrem. - Estava pior que passada. Mas porque razão ele a trouxe aqui?
Ricardo: Queria que conhecesses a Matilde, ela é completamente a minha melhor amiga.
Joana: Hum...
Ricardo: E queria muito muito ver-te e dar-te um beijo.
Matilde: Que querido.
Joana: Sim, até foste fofinho.
Ricardo: Super bem disposta.
Joana: Foi do meu namorado ter aparecido.
Ricardo: Namorado?
Matilde: Acho que estou a mais, vou para lá para fora fico lá em baixo ao pé da mota.
Ricardo: Está bem.
Joana: Eu disse namorado?
Ricardo: Sim disseste...
Joana: Não é isso que nós somos?
Ricardo: Penso que sim.
Joana: Então...
Ricardo: Então amanhã espera por mim lá em baixo ás 08:00 da manhã. - Disse, depois deu-me um beijo e saiu a porta sem mais dizer.

O que mais queria era dormir, finalmente podia dizer olá à minha adorada almofada. Boas noites...
Continua.


9 de dezembro de 2011

VIII

Não sei porque raio fiz aquilo, sei que queria tanto como ele mas feita estúpida parei tudo. (Pensei no caminho para o skate-park).

Ricardo: É perto?
Joana: É mesmo ao virar da esquina.

Ok... O ambiente estava muito tenso.

Joana: Pronto, é aqui.
Ricardo: Isto é fixe, quando era puto curtia bué de skates.
Joana: Engraçado, eu curtia bué de barbies.- Dou uma gargalhada.
Ricardo: Tu é que és uma grande barbie, esses teus cabelos loiros e ondulados, e esses teus olhos verdes capazes de colocar toda a minha atenção sobre eles. E os teus lábios carnudos e bem rosinhas, já para não falar das tuas orelhas... - pausa- ... mas as tuas orelhas são normais.
Joana: Idiota. - agarro-lhe no braço e tento parecer uma serial killer.
Ricardo: Não me metes medo.
Joana: Ai não?
Ricardo: Bem ... só quando ... tu sabes.
Joana: Beija-me e cala-te.

Ao passar do tempo o T e a Sara chegam juntos, para variar. Eles não têm nada mas ali há alguma coisa, ele olha-lhe de uma forma fora do normal e ela não disfarça muito bem ao tentar também não parecer que faz o mesmo.

Joana: Ainda bem que chegaram.
Sara: Atrasámos-nos um bocado.
Joana: Tranquilo. Este é o Ricardo.
T: Oi puto. - Dando-lhe um aperto de mão.
Ricardo: Olá Sara e Tiago.
T: Chama-me T, já és completamente da família.
Sara: Olá Ricardo, finalmente conhecêmo-nos.
Ricardo: Ya, já ouvi falar de ti.
Sara: E eu de ti.
T: Bem pessoal é assim eu já falei com o meu tio.
Joana: E então?
T: Então ele faz-nos a 400€ o mês de Julho e Agosto, como este mês está a acabar podemos ir o final da semana e ele não conta nada.
Ricardo: Isso é bem bacano.
T: Ya e como vamos dividir fica bem acessível.
Sara: Os meus pais oferecem-se e de certeza que me vão pagar.
Joana: Pois mas eu vou ver se consigo arranjar dinheiro que chegue.
Ricardo: Se não te chegar eu pago o resto.
Joana: Oh por amor de Deus, não.
Ricardo: Amor a sério, não tem problema.
Joana: Não, Ricardo!
T: Resolvam lá isso depois, é melhor.
Sara: E partimos quando?
T: Depois de amanhã?
Joana: Para mim está óptimo, só tenho que avisar os meus pais.
Ricardo: Para mim também.
Sara: Eu depois mando-vos uma mensagem.
T: Ok miuda, eu vou ter de ir pessoal. Preparem-se porque a partida vai ser de arromba.
Joana: Tchau.
E assim me despedi de mais um dia de calor na companhia das melhores pessoas da minha vida.
Continua.

5 de dezembro de 2011

VII

No dia seguinte, ás 08:00 da manhã a campainha toca quando estava a dormir tranquilamente. Pensei: « A sério, agradeço imenso a Deus». Quem estaria a tocar à campainha? Quem seria de certeza que não dormiu ou então ainda não olhou para o relógio. Lá vou eu ter de me levantar e sair do quentinho. Abri a porta e vi um grande sorriso e os olhos que tanto venero. Era ele, chegou sim avisar, mas veio para ficar.

Ricardo: Bom dia. - Disse, e depois aproximou-se deu-me um beijo de bom dia na testa e entrou.
Joana: Ia-te convidar para entrar mas vi que te antecipaste.
Dirige-se à cozinha.
Ricardo: O que queres comer? - Ao mesmo tempo abria e fechava os armários fazendo um barulheiro a fechá-los. - Onde estão as canecas do leite?
Joana: Vou-me deitar, tenho sono. - Na verdade o que mais queria era ir para a cozinha e abraçá-lo com todas as minhas forças, mas o Diogo ainda estava presente na minha memória.
Ricardo: Não me faças isso.
Joana: Quem te mandou vir tão cedo?
Ricardo: O meu cérebro? 
Joana: Não sejas idiota.
Ricardo: Eu vou mas é fazer umas torradas e aquecer o leite. Com café ou chocolate?
Joana: Vou tomar um banho, já que tu não me deixas dormir.
Ricardo: Pronto ok, fica à minha escolha.

   Eu normalmente demoro 40 minutos no banho e como era de manhã e tinha uma preguiça enorme  demorava sempre muito mais tempo. O Ricardo vai-me matar de o deixar tanto tempo à espera para o pequeno almoço delicioso. Pus champô 2 vezes e tal , como faço todos os dias e depois meti uma máscara muito boa para o cabelo ficar brilhante e hidratado (Ok, isto não interessa...). O que realmente interessa é que ao fim de mais ou menos meia hora oiço o barulho do microondas, olhei para a porta e vi que a tinha deixado semi-aberta. Pensei: «Não existe problema, ele está lá entretido com o comer.» Mas não foi isso que aconteceu, como é óbvio. 
   Comecei a enxaguar o gel de banho sobre o corpo enquanto ele da greta da porta me observava. A água caia-me pelas costas e ele continuava imóvel com o seu olho esquerdo entre a abertura da porta, de um momento para o outro eu viro-me e ele muito rápido recua um passo para trás. Cobro-me com uma toalha e saio da banheira, seco-me e visto a roupa interior de um momento para o outro ele abre a porta e eu digo...

Joana: Ricardo...
Ricardo: Não digas nada, vais estragar. 

Ele começou a aproximar-se na minha direcção e eu permanecia no mesmo lugar, e ele a cada segundo que passava andava na minha direcção. Consegui ouvir a sua respiração acelerando ao passar do tempo, e de novo de um momento para o outro os seus lábios reencontraram-se com os meus. As suas mãos percorriam o meu corpo, desde o pescoço até às costas. Contudo, não me arrepiei... Parece que já me habituei à maneira de ele me tocar.
 Ok... Nós agarrámos este momento e não queríamos parar até ao ponto que ele me agarra com mais força e eu digo:

Joana: Ricardo...
Ricardo: Sim? - Disse, quase sem fôlego.
Joana: Acho que temos de ir andando.
Ricardo: Ah, sim claro vamos... - Depois pensou. - Mas vamos onde mesmo?
Joana: Ao skate park, a Sara deve estar lá com o T e o André.
Ricardo: Ok. Mas dá-me mais um beijo.
Joana: Só mais um?
Ricardo: Os que quiseres, mas não me deixes muito tempo à espera.
Joana: Vem cá.

Á saída de casa ele agarra-me na cintura, como tanto gosta de fazer e diz com uma voz meio envergonhada:

Ricardo: Estou-me a apaixonar.
Continua.

  

4 de dezembro de 2011

VI

  Eram 01:12m da manhã e o telemóvel começa a tocar ainda com aquele toque ranhoso. Imaginem lá quem era... O Ricardo. Fiquei a pensar durante 20 segundos se deveria atender e lá decidi atender.

Joana: Sim?
Ricardo: «Joana desculpa se te acordei...» - Eu interrompo-o.
Joana: Sim acordaste-me.
Ricardo: «Desculpa, mas acho que o que tenho para dizer não podia ser dito noutra altura, além disso não consigo dormir».
Joana: Diz. -Com uma certa arrogância continuei a responder-lhe.
Ricardo: «Não me sais do pensamento.»
Joana: Que queres que te diga?
Ricardo: «Ouve-me apenas.»
Joana: É isso que estou a fazer.
Ricardo: « Não consigo dormir, estás sempre no meu pensamento. Ora fecho os olhos vejo-te, ora abro os olhos continuo a ver-te. Joana, como conseguiste pôr-me assim? Sinto-te em qualquer lugar que esteja, oiço-te  a maior parte do tempo. Achas que estou a enlouquecer?»
Joana: Se  estás a enlouquecer então eu também enlouqueço contigo, pois passa-se exactamente o mesmo comigo.
Ricardo: «Gosto de ti, Joana.»
Joana: Achas que quando adormeceres vais sonhar comigo?
Ricardo: «Tenho a certeza que vou sonhar contigo».
Joana: Então vai dormir, pode ser que o teu sonho se torne realidade amanhã ou depois.
Ricardo: «Eu quero ouvir-te mais um bocado, fazes-me tão bem.»
Joana: Que queres que diga?
Ricardo: «Quero que digas que nunca mais vamos perder o contacto.»
Joana: Prometo-te que nunca iremos perder o contacto, quero-te comigo. - Falei de um modo que parecia que nada iria derrubar o que acabara de dizer.
Ricardo: «Desculpa a chamada de ontem à tarde.»
Joana: Porquê que me falaste daquele modo?
Ricardo: «Porque o que aconteceu entre nós foi um erro, e tu tens o Diogo, eu só vim estragar a tua vida.»
Joana: Não, o que aconteceu entre nós não foi um erro nem nunca será! Tu vieste salvar a minha vida, e além disso eu pedi um tempo ao Diogo.
Ricardo: «Porquê que o fizeste?»
Joana: Porque tu dás-me a volta à cabeça.
Ricardo: «Mas...»
Joana: Dorme bem amor, amanhã de manhã ligar-te-ei.
Ricardo: «Vou sonhar contigo, um beijo.»
Continua.

V

   Estávamos no inicio do verão e as aulas tinham acabado, tinham passado 3 dias do fim de semana, ou seja, é  quarta feira e o Ricardo ainda não me disse nada. Perguntava-me a mim própria «O que será que se passa?», peguei no meu telemóvel e liguei-lhe:

Joana: 'Tou Ricardo?
Ricardo: «Diz.» - Fala de um modo rude.
Joana: Podes vir cá a casa? Acho que precisamos de conversar.
Ricardo: «Agora não posso. Olha Joana tenho uma chamada em espera...» - ele estava literalmente a despachar-me.
Joana: Ok Ricardo, tu é que sabes, adeus. - ele percebeu que eu tinha percebido que na realidade não existia nenhuma chamada em espera.

Depois daquela chamada que foi uma desgraça pensei em ir dar uma volta, comprar alguma roupa ou assim. quando o telemóvel toca, com um toque ranhoso, acho que vou ter de mudar aquilo.
Pensei logo : «é o Ricardo». Que engraçado, fui ver o nome e era o Tiago. O Tiago? Ok, não estava à espera. O Tiago, ou o T como lhe costumam chamar é um colega de turma. Costumava sentar-me ao seu lado nalgumas aulas e por vezes falavamos e assim.

T: «Olá Joana.» - diz com uma voz que parece meio envergonhada.
Joana: Oi. Está tudo bem?
T: «Olha que achas de irmos dar uma volta a Sara está comigo e o André também.»
Joana: Sim claro. E estão a pensar ir onde?
T: «Ao parque ai perto de tua casa, tem lá um skate park, agora o André tá com a mania dos skates.»
Joana: Olha acho uma boa ideia. Estou lá dentro de 3 minutos, xau beijinhos.
T: «Beijinhos e até já.»

Peguei nas minhas coisas e fui até ao skate park.

Joana: Olá a todos. ( Cumprimentei o T, o André e a Sarinha).
Sara: Joaninha, já não te via á alguns dias.
Joana: Tenho estado em casa a comer chocolates enquanto vejo filmes secantes.
Sara: Oh gosh, tens falado com o Diogo?
Joana: Não, e tão cedo não quero falar.
Sara: Parece que o Carlos  apanhou-o todo bêbedo no sábado à noite perto de casa.

O Carlos era o melhor amigo do Diogo, e eu já calculava que algo assim iria acontecer. Ele não se iria conformar com a nossa separação, mesmo que eu tenha dado um tempo e não ter definitivamente acabado tudo. Mas também não vou fazer absolutamente nada, agora a melhor coisa que devo fazer é ficar longe dele durante longas semanas.

Joana: Já calculava que isso ia acontecer.
Sara: Parece que foi grave.
Joana: 'Tá bem Sara. Eu sinceramente não estou muito preocupada. Ele que faça o que entender não vai de certeza alguma mudar a minha decisão.
Sara: Tu é que sabes. E o Ricardo?
Joana: Ai Sara, hoje só que fazes perguntas tristes.
Sara: Desculpa lá. Já vi que hoje não é um bom dia para falar contigo.
Joana: O Ricardo está armado em parvo comigo. Será que foi porque não lhe disse mais nada depois do nosso beijo?
Sara: Provavelmente...
T: O que é que vocês estão a falar?
Sara: Do tempo... Está calor não achas?
T: Um bocado até. - Ri-se.


O André dirige-se a mim e diz:

André: Estás gira, hoje.
Joana: Obrigada, também não estás nada mal. - faço-lhe um sorriso desajeitado.
André: Pá pessoal, não me está a apetecer passar o verão todo em Almada. Porque não alugamos uma casa no litoral e ficamos lá Junho, Julho e Agosto?
T: Olha tenho um tio na Zambujeira do Mar que tem uma casa para alugar, com sorte faz-nos a um preço baixo.
Joana: Que fixe, óptima ideia mesmo.
Sara: Brutaaaaaaal.
Joana: Sara, queria que o Ricardo fosse. - sussurro-lhe ao ouvido.
Sara: Convida-lhe.
T: Quem?
André: Por mim pode ir o pessoal que vocês entenderem.
Sara: A Joana queria levar uma pessoa. - No momento que a Sara diz aquilo eu dou-lhe uma cotovelada.
T: Podes levar quem tu quiseres, mas não muita gente Joana, se não fica uma balburdia. Já somos 4 se formos 6 já é mais complicado para alugar casa e assim.
Joana: 'Tá descansado T. Penso que a pessoa que queria convidar não quer ir.
Sara: Bem, eu tenho de ir para casa já se faz tarde.
T: Eu levo-te a casa.
Joana: Eu também vou.
André: Eu vou ficar, tenho que treinar para o campeonato de Setembro. Tchau pessoal.

No caminho para casa, estava a pensar no Ricardo, para variar, e se havia de lhe convidar para vir connosco para a Zambujeira, mas depois do telefonema de hoje pensava que não seria boa ideia. Bem, pode ser que as coisas mudem. Agora vou jantar qualquer coisa e deitar-me.
Continua.


IV

    Quando cheguei a casa só queria dormir, dormir e dormir. E só de pensar que amanhã tinha que ir almoçar a casa dos meus pais até ficava mal-disposta. Os meus pais antes do meu irmão nascer estavam sempre a mudar de casa, por isso é que aos sete anos fui forçada a deixar o Ricardo, para vir viver para Almada. 
Já vivi na Costa da Caparica, em Sintra, Oeiras e muitos mais locais. Mas sempre gostei muito de viver em Mafra, pois foi em Mafra que passei maior parte da minha infância com o Ricardo. Como já sabem nós éramos vizinhos, cada um vivia numa vivenda a norte de Mafra. Ó meu Deus, depois de mudar-me, todos os locais que já disse perdi o contacto com o Ricardo.
   O meu irmão nasceu em 2005, foi uma gravidez arriscada, a minha mamy já tem uma certa idade. Eu nessa altura tinha 13 anos e recusei-me a mudar de novo de casa. Já tinha amigos, e foi nessa altura que conheci a Sara e o Diogo. Fiquei a viver com a minha tia até entrar para a Universidade, e quando entrei, mudei-me para um apartamento em Almada. 


Bem, vou tomar um banho pois estou com a roupa toda molhada de água salgada. A campainha toca quando já estou a tomar o meu banho lá vou ter de ir abrir a porta.


Joana: Sara, olá minha linda. - disse eu, tentando ser querida.
Sara: Olá? Joana estou muito chateada contigo. Mas o que se passa? Tens noção que desmarcaste tudo comigo? 
Joana: Sarinha linda, eu já te explico tudo. Senta-te e mete-te à vontade enquanto eu vou terminar o meu banho.
Sara: Despacha-te! - Ela falava num tom autoritário.


Enquanto estava no duche, estava a pensar no que deveria dizer à Sara.Optei por lhe contar tudo, sim... TUDO. Ela merece saber, afinal ela  é a minha melhor amiga, a quem eu posso confiar tudo. Vesti um robe e diriji-me até à sala.


Joana: Pronto, cheguei. Podes gritar agora! - estava a tentar ter graça.
Sara: Joana pára de ser sarcástica. E conta-me o que aconteceu para desmarcares tudo comigo. Foi o Diogo? - disse com preocupação e alguma descontentação.
Joana: Nop.
Sara: Os teus pais?
Joana: Nop e nop.
Sara: Ó Joana, para desmarcares as coisas comigo foi algo importante, nunca desmarcas nada comigo.
Joana: Pode-se dizer que não foi muito importante, mas lá tem a sua importância.
Sara: Ok, e que tal dizeres de uma vez por todas?
Joana: Ontem à noite o Diogo veio cá jantar,  e discutimos porque não estava com vontade de...
Sara: Ele contou-me.- Ela interrompe-me.
Joana: O quê? - disse com raiva.
Sara: O que se passa contigo Joaninha?
Joana: Reencontrei um amigo que não via à anos, só isso.
Sara: Que isso tem a ver com o que estamos a falar? - Fez-se desentendida.
Joana: Sara, eu já não amo o Diogo como amava, e tu sabes disso.
Sara: Pronto, já vi este filme todo. Vou pegar na lancheira das bolachas e sentar-me porque de certeza há aí coisa.
Joana: Sara.... Deixa-te disso.
Sara: Podes começar!
Joana: Oook, encontrei o Ricardo...
Sara: Ah! Então é Ricardo que ele se chama. Vá continua... - interrompeu-me de novo.
Joana: Eu continuo se não me interromperes. - disse eu, resmungando. - Foi tão bom reencontrá-lo já não nos víamos desde os 9 anos de idade...
Sara: Oh que lindo, dez anos separados.
Joana: Saraaaaa!
Sara: Desculpa, continua.
Joana: Como estava a dizer, encontrámo-nos na baixa, ao inicio não me reconheceu mas depois abraçou-me como  nunca alguém me tinha abraçado. Deu-me o seu número de telemóvel e hoje de manhã mandou-me mensagem. - mostro-lhe a mensagem.
Sara: Foi por isto que me trocaste?
Joana: Sim Sarinha linda e fofinha, desculpa. Mas não sei que me deu, o meu instinto mandou-me ir.
Sara: Sim, sim, sim. Agora a culpa é do teu instinto.
Joana: Sara, nós beijámo-nos.
Sara: Hã? - ela ficou completamente parva e feita estátua a olhar para mim.
Joana: Pois, o que é que eu faço agora? Beijámo-nos eu parei o beijo, literalmente obriguei-o a pôr-me a casa e depois disso não lhe dirigi mais a palavra.
Sara: Pois, agora não sei que dizer. Pensei que tinhas desmarcado tudo comigo porque eventualmente o gato da tua mãe morreu e tu foste consolá-la. - disse sarcasticamente. - JOANA, vou apenas ficar calada durante 2 minutos, preciso de pensar.
Joana: Ó vá lá, fala logo!
Sara: Tu andas a pensar nele!? - Ela percebeu tudo.
Joana: Sim.
Sara: Acho melhor ires falar com o Diogo.


Nesse momento o Diogo manda-me outra mensagem, sim... A outra de manhã nem cheguei a abrir. A 1ª dizia «Joana, precisamos de falar!» e a 2ª dizia «O que se passa? Não respondes? Está tudo bem? Já te tentei ligar mas parece que não tens rede ou bateria. Aparece no parque, vou estar lá a fazer jogging.»


Sara: Vai.
Joana: Tens a certeza?
Sara: Sim Joaninha. Conta-lhe tudo, já está na hora de acabares com esta relação.
Joana: É isso que vou fazer. Obrigada amiga.


Peguei nas chaves e na mala castanha que tinha comprada à duas semanas atrás e fui até ao parque, que ficava sensivelmente a 5 minutos do prédio. Sentei-me no banco onde toda a nossa história tinha começado e esperei até que ele me visse e se fosse sentar ao meu lado.


Diogo: Joana... - Falou num tom de voz baixo.
Joana: Olá Diogo.
 Ele aproxima-se para me dar um beijo mas eu apenas desvio a cara e digo:
Joana: Precisamos de falar.
Diogo:  Também acho. Não parei de pensar porque me fizeste aquilo ontem à noite.
Joana:  Diogo espero que compreendas, eu quero dar um tempo. - senti-me aliviada, por finalmente conseguir fazer aquilo que mais receava.
Diogo: Mas... O que se passa? - Ficou sem reacção.
Joana: Não está a resultar.
Diogo: Joana, não podes fazer isto, eu amo-te. - ele começou a ficar descontrolado.
Joana: Eu sei que é complicado, namoramos à 3 anos mas compreende o meu lado.
Diogo: Na semana passada estava tudo bem. O que mudou?
Joana: Depois falamos Diogo.
Diogo: Joana? Não vás embora. JOANAAAAA... - gritava. - Eu não vou desistir de ti.


Eu limitei-me a seguir em frente, estava sem paciência para as cenas do Diogo. Custou, mas finalmente consegui, apesar de não lhe ter contado o que se tinha passado de manhã.


«Ricardo, estás a mudar a minha vida»  - sussurrei à ida para casa.


Continua.

3 de dezembro de 2011

III

   Era sábado e a luz do sol entrava pela janela de frente à minha cama. Esfreguei os olhos e limitei-me a olhar para o teto. Peguei no telemóvel e tinha duas mensagens, de quem seriam? Diogo, Diogo, Diogo e mais Diogo. Tive uma surpresa, tinha uma mensagem do Ricardo, «Bom dia, Joaninha. Queres vir tomar o pequeno-almoço comigo?». Eu respondi-lhe que sim, mas lembrei-me que tinha coisas combinadas com a Sara e como é óbvio desmarquei tudo com a Sara, pois queria estar tanto com o Ricardo que a ela ficou para segundo plano.
   Fui tomar um banho, vestir-me, maquilhar-me  e esperar por ele à porta do meu prédio. 1 ou 2 minutos depois chega ele numa vespa verde alface com uns óculos da Ray-ban e um capacete preto.


Ricardo: Bom dia Joaninha. - Olhou-me fixamente.
Joana: Bom dia Ricardo, demoraste um pouco enganaste-te na morada que te mandei?
Ricardo: Claro que não. - Faz uma pausa.  Posso-te dar um beijo de bom dia?
Joana: Sim.


E, quando os seus lábios tocaram no meu rosto todo o meu corpo ficou com "pele de galinha".


Ricardo: Sobe, o meu estômago já está a resmungar.
Joana: Tenho um pequeno segredo que não sabes. - sorriu.
Ricardo: E podes-me contar essa segredo?
Joana: Tenho medo... - interrompe-me.
Ricardo: Não tenhas, agarra-me e o teu medo passará.


  Subi para a vespa, e pus um capacete igualmente preto. Agarrei-o com muita força de inicio e depois relaxei e senti o vento bater na minha cara. Que sensação tão boa. Cerca de 10 minutos depois parámos numa pastelaria, sentámo-nos e pedimos.


Ricardo: Conta-me lá sobre a tua relação com o tal Daniel.
Joana: Diogo. - corrigiu-o.
Ricardo: Desculpa, não sou lá muito bom a decorar nomes.
Joana: O Diogo e eu ... É uma relação normal.
Ricardo: Porquê que isso não me soa sincero?
Joana: Ricardo? Ó vá lá, o Diogo ama-me e eu também gosto dele.
Ricardo: Ele ama-te e tu apenas gostas dele? - fez uma cara de desconfiança.


A empregada chega com as torradas e os galões. E eu apenas queria desviar a conversa, a sério, não queria nada falar do Diogo depois da noite anterior.


Joana: Hummm... Estava mesmo a morrer de fome.
Ricardo: Ainda não me res.... - interrompi-o.
Joana: Lembraste quando ias de manhã para minha casa e tomávamos o pequeno almoço juntos antes de ir para o primeiro ciclo? - sorri desajeitadamente. 
Ricardo: Sim, como se fosse hoje. Molhávamos bolachas Maria no leite. Que delicia.
Joana: Exactamente, fogo Ricardo éramos completamente inseparáveis.
Ricardo: Podemos voltar a ser. - diz, num tom de voz baixo
Joana: O quê?
Ricardo: Eu disse que sim, éramos muito amigos. - Faz uma pausa. - Que achas de irmos dar uma volta á praia?
Joana: Que optima ideia Ricky.
Ricardo: Ricky? Gosto.
Joana: A sara deve estar a fazer bodyboard hoje, como desmarquei as coisas com ela.
Ricardo: Quem é a Sara? E desmarcaste as coisas para vir tomar o pequeno almoço comigo foi? - Faz um olhar de galã.
Joana: A sara é a minha melhor amiga, e sim ricky lindo eu desmarquei as coisas com ela para vir tomar o pequeno almoço contigo. Que privilégio não achas?
Ricardo: Sim eu sou um privilegiado e adorava conhecer a Sara.
Joana: Com sorte ainda a encontramos lá.
Ricardo: A praia ainda fica um bocado longe daqui, achas que aguentas na minha mota até lá?
Joana: Porque não? Já aprendi a agarrar-te, vá já perdi um bocado do medo.
Ricardo: Isso quer dizer que posso acelerar?
Joana: Penso que não será boa ideia.
Ricardo: estou só a meter-me contigo tontinha. Vamos?
Joana: Vamos!


Demoramos sensivelmente um quarto de hora a chegar á praia, durante o caminho nem pensei no Diogo, como é possível? O Ricardo é tão genuíno, deixa-me noutra realidade.


Ricardo: Chegámos!
Joana: Praia da  Cabana do Pescador, linda praia.
Ricardo: É mesmo Joaninha.
Joana: Anda, vamos molhar os pés.
Ricardo: Ai queres molhar os pés? Vou-te molhar toda.
Joana: NÃOOOO! - gritei. - Ricardo, pára. 
Ricardo: Vem cá. 
Joana: Que é que tu queres seu traidor? - disse enquanto me aproximava lentamente.
Ricardo: Dar-te um abraço.
Joana: Não sei se deva confiar em ti.
Ricardo: Vá, vem cá.
Joana: Está bem.


Eu fui, e ele "traiu-me" de novo. Molhou-me desde a barriga até aos pés. Continuávamos abraçados, mas ele desequilibrou-se e caímos os dois na areia molhada com as ondas a tocar-nos e a molhar-nos por completo. Os nossos olhos estavam vidrados e as vozes amarradas. Conseguia sentir a sua respiração, ficara descontrolada aquando estava a olhar-lhe tão fixamente.
    Aproximou a sua cara da minha, os nossos narizes tocaram-se, a batida do meu coração ficara ainda mais acelerada. E de um momento para o outro estávamos com os lábios colados e fomo-mos envolvendo, dando para perceber que ninguém se queria desligar daquele momento. Dei a iniciativa e parei aquele beijo único, afinal de contas ainda tenho o Diogo.


Ricardo: Joana...
Joana: Eu gostei.
Ricardo: Então mas...
Joana: Shiuuu, não digas nada vai estragar. Leva-me a casa, apenas.
Continua.

II

Depois daquelas palavra sinceras, (não sei que me deu) arrepiei-me toda.

Joana: Obrigada.
Ricardo: Que achas de... (O toque de um telemóvel interrompe-o)
Joana: É o meu, importaste?

  Ele abanou a cabeça que não, e eu atendi o telefonema. Era o Diogo, sim o Diogo. Eu e o Diogo namoramos à 3 anos e eu considero-o como meu melhor amigo, pois foi o primeiro amigo que fiz quando me mudei aos 7 anos para Almada. Sempre gostei muito dele, mas ele durante anos tratava-me como se fosse invisível e não gostava de mim da mesma forma. Mas, um dia ... VIU-ME.
A nossa relação é banal e não existe nem uma pitada de pimenta nela. É sempre tudo monótono e eu sinceramente já estou um bocado farta, apesar de o amar imenso.
   Por vezes penso que não vai durar mais que uma semana até esta farsa acabar mas consegue sempre superar a minha expectativa. Não consigo ser suficientemente sincera para lhe dizer tudo o que me vai na alma sobre nós.

Joana: 'Tou?
Diogo: «Olá amor. Olha liguei-te só para te recordar para nao te esqueceres do nosso jantar de hoje.»
Joana: Não me esqueço, vou já para casa fazê-lo.
Diogo: «Onde é que ainda andas a estas horas?»
Joana: Vim á baixa, e perdi-me um pouco nas horas.
Diogo: «És sempre a mesma coisa, espero que não estragues a nossa noite.»
Joana: Não sejas desagradável, Diogo.
Diogo: «Desculpa, vou ter de desligar. Um beijo, amo-te.»
Joana: Até logo, beijo.

O Ricardo estava intrigado, e penso que naquele momento estava a pensar com quem seria que eu estivera a falar.

Joana: Desculpa.
Ricardo: Não tem mal.
Joana: Estavas a dizer?
Ricardo: Não era nada. - tentou esconder.
Joana: Era sim, diz lá.
Ricardo: Ia-te perguntar se querias ir beber um café ou algo assim, mas já percebi que tens planos para hoje.
Joana: Na verdade, sim tenho planos para hoje. Que tal um dia destes ou assim?
Ricardo: Sim, claro. Penso que temos imensas coisas para falar. - sorriu
Joana: Não tenho dúvidas disso, Ricardinho. E vá tenho de ir andando se não o Diogo mata-me.
Ricardo: Diogo?
Joana: Sim, o meu namorado.
Ricardo: Hum... Não imaginava que estavas comprometida.
Joana: Pelos vistos estou, mas não é nada de especial. - Sorri, e depois despedi-mo-nos o que fez com que ficássemos tristes.

   Ele deu-me o seu número de telemóvel e eu estava tão contente de o ter encontrado hoje, que só de pensar que agora ia aturar o Diogo o meu resto de dia já estava estragado. Apanhei o autocarro para ir para casa e já eram 18:00 horas, estava atrasadíssima. Avistava o rio e lembrava-me logo daqueles grandes olhos azuis, sinceramente não sei que se passava comigo naquele dia mas depois de o ver, ele já não saia da minha cabeça. Aqueles cabelos encaracolados e castanhos, os seus lábios que eram uma tentação e a maça de Adão bem saliente. Tenho que parar com isto, e concentrar-me no raio do jantar com o Diogo.

  Cheguei a casa, fiz o jantar, era empadão de carne. Eu sei, é um bocado fatela mas o Diogo não se importa... Ou talvez até se importa. Bem, não me interessa eu quero é que este jantar acabe bem rápido.
Ele chegou, com uma garrafa de vinho para o jantar, fiquei irritada. Ele nem sequer sabe que eu não gosto de vinho, apesar de também ser um bocado chato. Vinho? É apenas um jantar, um simples jantar. Foi tudo muito calmo, até me admirei porque nem reclamou com o jantar, após o jantar começou a beijar o meu pescoço, e agarrar-me com força. Eu pedi para parar e que hoje não queria e estava cansada e o que mais queria era dormir, literalmente mandei-o embora. Fez uma tempestade, acho que os meus vizinhos de cima e de baixo ouviram tudo. Sim... eu moro num apartamento.
Ele lá se foi embora, e eu senti-me aliviada.

O dia finalmente acabou, apenas queria ir dormir e assim o fiz.  Num sussurro: Boa noite, Ricardinho!


Continua.



I


   Num dia de sol, em Junho, estava a passar nas ruas movimentadas e sujas de Lisboa quando reconheço alguém. Era ele, o Ricardo. Nem pensei em mais nada e feita doida gritei o seu nome...


Joana: RICARDOOO.

Ele ficou completamente desnorteado.  Provavelmente a pensar, «Quem será aquela doida?» ou então «Mas isto é para os apanhados?». À primeira vista não me deve ter reconhecido, pois quem espera algo assim tão diferente num dia melancólico?
Ele aproximou-se...

Ricardo: Olá?
Joana: Ricardo, ó meu Deus, já não me reconheces?
Ricardo: Não me lembro de ter conhecidos que gritam no meio de Lisboa. - riu-se de modo desajeitado.
Joana: Ó peço imensas desculpas, só que fiquei contentíssima por te ver. À anos que não nos víamos...
Ricardo: Na verdade a tua cara não me é estranha.
Joana: Ao menos isso. -soltei-lhe um sorriso.


Depois daquela barraca toda ele ainda me conhece. Aleluia. Estava tão diferente, os seus olhos mantinham-se hipnotizantes, aquele azul misturado com um cinzento claro faziam-me lembrar o mar. Ele estava enorme, deveria ter pelo menos 30cm a mais que eu. Pronto, eu também sou minúscula, mas mesmo assim ele estava GIGANTE. E aquele corpo? Nem vou falar daquele corpo, meu Deus.
Depois de uma pausa e uma troca de olhares, ele responde-me.

Ricardo: Se me conheces mesmo, deves saber que reconhecer pessoas não é comigo. - solta-me um  sorriso.
Joana: Ricardo, eu sou a Joana, da nossa terra Natal.

Ele finalmente reage, e sorri como nunca o tinha visto sorrir. Bem também não me lembro lá muito bem como ele sorria, afinal de contas passámos a nossa infância juntos, e só me recordo de pequenas recordações soltas. Não sei se foi impressão, mas penso que as lágrimas chegaram-lhe aos olhos.

Ricardo: A Joana, minha vizinha?
Joana: Sim!
Ricardo: Eu não acredito como me reconheceste?
Joana: Pela expressão da tua cara, parecia que tinhas 6 anos naquela fracção de segundos.

Ele não me respondeu. Apenas abraçou-me... E sussurrou-me...

Ricardo: Estás linda, Joana.
Continua.