3 de dezembro de 2011

I


   Num dia de sol, em Junho, estava a passar nas ruas movimentadas e sujas de Lisboa quando reconheço alguém. Era ele, o Ricardo. Nem pensei em mais nada e feita doida gritei o seu nome...


Joana: RICARDOOO.

Ele ficou completamente desnorteado.  Provavelmente a pensar, «Quem será aquela doida?» ou então «Mas isto é para os apanhados?». À primeira vista não me deve ter reconhecido, pois quem espera algo assim tão diferente num dia melancólico?
Ele aproximou-se...

Ricardo: Olá?
Joana: Ricardo, ó meu Deus, já não me reconheces?
Ricardo: Não me lembro de ter conhecidos que gritam no meio de Lisboa. - riu-se de modo desajeitado.
Joana: Ó peço imensas desculpas, só que fiquei contentíssima por te ver. À anos que não nos víamos...
Ricardo: Na verdade a tua cara não me é estranha.
Joana: Ao menos isso. -soltei-lhe um sorriso.


Depois daquela barraca toda ele ainda me conhece. Aleluia. Estava tão diferente, os seus olhos mantinham-se hipnotizantes, aquele azul misturado com um cinzento claro faziam-me lembrar o mar. Ele estava enorme, deveria ter pelo menos 30cm a mais que eu. Pronto, eu também sou minúscula, mas mesmo assim ele estava GIGANTE. E aquele corpo? Nem vou falar daquele corpo, meu Deus.
Depois de uma pausa e uma troca de olhares, ele responde-me.

Ricardo: Se me conheces mesmo, deves saber que reconhecer pessoas não é comigo. - solta-me um  sorriso.
Joana: Ricardo, eu sou a Joana, da nossa terra Natal.

Ele finalmente reage, e sorri como nunca o tinha visto sorrir. Bem também não me lembro lá muito bem como ele sorria, afinal de contas passámos a nossa infância juntos, e só me recordo de pequenas recordações soltas. Não sei se foi impressão, mas penso que as lágrimas chegaram-lhe aos olhos.

Ricardo: A Joana, minha vizinha?
Joana: Sim!
Ricardo: Eu não acredito como me reconheceste?
Joana: Pela expressão da tua cara, parecia que tinhas 6 anos naquela fracção de segundos.

Ele não me respondeu. Apenas abraçou-me... E sussurrou-me...

Ricardo: Estás linda, Joana.
Continua.