29 de dezembro de 2011

XV

Joana: Ok, agora já posso continuar a correr?
Salvador: Hum, Não... Sem mim.
Joana: Porquê que não me largas? - gritei.
Salvador: E porquê que não paras um bocado e não nos vamos sentar ali na praia a falar?
Joana: E se eu não quiser? - disse de uma forma super arrogante.
Salvador: Se não quiseres continuo a "correr" contigo.
Joana: Não desistes?
Salvador: Nunca desisto daquilo que quero.
Joana: E o que é que queres?

Um silêncio constrangedor apareceu do nada na nossa conversa sem sentido. Eu parei de correr e ele não pronunciou absolutamente nada, apenas olhava-me fixamente sem pestanejar.

Joana: Diz-me. - disse-lhe com uma certa preocupação.
Salvador: Quero apenas ficar a conversar contigo e perceber o porquê que no outro dia foste para a praia deserta. - disse com a cara sempre inclinada para outro sentido sem ser na minha direcção.
Joana: Mas, eu já te respondi a isso.
Salvador: Aceitas vir tomar um café comigo? - perguntou ao mesmo tempo que estendeu a sua mão.
Joana: Não sei se deva. - respondi-lhe indecisamente.
Salvador: Vá eu pago.
Joana: Porquê que não nos sentamos apenas naquele banco ali à frente? Acho melhor. -pisco-lhe o olho.
Salvador: Óptimo. - disse enquanto sorria de uma forma inimaginável.

   Fomos andando sempre em frente, e quando chegámos ao banco sentá-mo-nos, e ele ... Ele sentou-se tão próximo de mim. Mas afinal o que quer de mim? Será que é só aquilo daquela praia? Ou será que a praia é só um pretexto para falar comigo? Eu sinceramente nem sei, mas a verdade é que estou a gostar de falar com ele! Durante aquele pequeno percurso até ao banco, nós mantemo-nos em pleno silêncio até que...

Joana: Eu fui lá porque queria apenas apanhar um pouco de sol, descontrair e meditar. Mas porquê tanta insistência no porquê de ir àquela praia? Não percebo. - respondi-lhe à pergunta feita à minutos atrás.
Salvador: Não és desta zona pois não?
Joana: Não.
Salvador: Existe uma história daquela praia que faz com que ninguém ou quase ninguém se dirija até lá.
Joana: E podes-me contar essa história?
Salvador: Um dia.
Joana: Porque não agora? - disse de um modo rude.
Salvador: É melhor não.
Joana: Eu não acredito, por amor de Deus, que desperdício de tempo. Vou mas é continuar a correr. Tchau aí.
Salvador: Não vás Joana!
Joana: Como sabes? Hã? O quê?
Salvador: Fica. - disse num tom de desespero.
Joana: Como sabes o meu nome?
Salvador: Ando demasiado atento.
Joana: Vemo-nos por aí, é melhor ir-me já embora.

Fui-me afastando, e vários pensamentos ocorreram-me ao mesmo tempo. Ele é estranho, gosto dele.