11 de novembro de 2012

VIII - Ondas do futuro.

- Quer tomar alguma coisa? - disse-me a aeromoça.
- Não, obrigado. Mais logo. Sabe-me dizer a que horas é que chegamos?
- Daqui a umas 3 horas, senhor. Resto de boa viagem. - a aeromoça, sorriu-me até não me ver mais.

  A minha princesa estava a dormir, dormir bem. A sonhar, sonhar com algo bom. Pois, enquanto dormia sorria, e o seu sorriso brilhante e contagiante deixava-me de bom humor.

                                                                 *         *            *



Estávamos quase a aterrar, eu tinha acordado do meu primeiro sono com alguma turbulência de momento, o sol estava a nascer e já entrava pelas ranhuras da pequena janela do avião. A Joana acordou agora, espreguiçava-se ao comprido até que me deu um chapada com o braço, sem intenção. Olhou para mim ainda com os olhos meio fechados e disse com um bocejo à mistura:

- Bom dia.
- Bom dia, princesa. - disse-lhe.
Ela abriu a espécie de cortina da janela, e sobressaiu logo o mar, estávamo-nos a aproximar de terra. E ao mesmo tempo dissemos:
- O mar... - olhamos um para o outro e sorrimos. - O mar lembra-me o dia em que te conheci na praia deserta, nunca me chegaste a contar a sua terrível história. - disse-me com um sorrisão nos lábios, que eu gostava de quebrar com um beijo.
- O mar a mim faz-me lembrar a minha doce terra, e dos dias infinitos que passava com a prancha de bodyboard debaixo de mim. - retribui-lhe o sorriso. - A história da praia deserta? Talvez num dia longínquo te conte, não me sinto preparado para te contar. Nunca contei isto a ninguém.
- Eu compreendo-te. - encostou-se ao meu peito. - Estou com um bom feeling desta viagem.
- Senhora, já perguntei aqui ao seu namorado - olhou para as nossas mãos - se ele desejava algo, você deseja algo? Para beber ou comer? Estamos mesmo a aterrar.  - disse a aeromoça à Joana mas sempre com olhos em mim.
- Não, muito obrigada. - disse a Joana. - Ela não tirava os olhos de ti. - disse quando a aeromoça desapareceu.
- Eu sei, sou irresistível.
- És mas é parvo.
- Bem voltamos ao início? - sorri-lhe e mordi o lábio.
- Se for necessário voltamos. E não faças isso com o lábio, sabes que me deixas doida assim.
- Por acaso não sabia, não devias ter dito isso.


 Estávamos a aterrar, saímos do avião e num instante já estávamos a percorrer a cidade no taxí. Instalámo-nos no hotel mais conceituado no coração de Florença. Ficámos num quarto de casal, a Joana disse " só para não gastarmos muito dinheiro" e eu pensava "Nós. Eu e Tu. Num quarto, não vai ter um bom resultado." Já se fazia de noite e eu estava super cansado, o contrário, a Joana pulava de um lado para o outro explorava o quarto do hotel de uma ponta à outra e não se cansava de dizer " Olha só para isto, brutal! ".

- Vamos sair? É a nossa primeira noite, não podemos ficar enfiados num quarto.
- Podemos sim. - disse-lhe deitado na cama sem vontade para sair do aconchego.
- Anda seu molengo. - puxava o meu braço mas sem sucesso eu continuava no mesmo lugar. - Vamos jantar os dois e passearemos os dois depois desse jantar.
- Está bem. - disse-lhe com um ar melancólico.

                                                                       *         *          *

 O jantar estava ótimo e a companhia era a melhor, estávamos a passear de mãos dadas pelas ruas cheias de Florença, ela mostrava a estes Italianos que existia paixão em nós. As lojas tentavam atrair pessoas com descontos imponderáveis, existiam estátuas humanas, existiam assadores de castanhas, existiam flahsmobes   de vez em quando , e o que me chamou mais a atenção foi uma senhora vidente que se encontrava com uma única mesa à sua frente.

- Vou ali Joana, já volto. - sim, eu ia mesmo àquela senhora vidente.

- Boa noite.
- Boa noite meu querido. - disse a senhora com a voz esganiçada.
- Sabe porquê que venho aqui.
- Sim, é viajante?
- Sou, estou de passagem.
- Então, só de olhar para si tenho-lhe a dizer que esta sua viagem vai ter altos e baixos. Será como a maré que você tanto conhece.


Continua.

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