5 de abril de 2012

Parte 2 - I

  Sou como um livro.
Há quem me interpreta pela capa. Há quem me ame apenas por ela. Há quem viaje em mim. Há quem viaje comigo. Há quem não me entende.  Há quem nunca me tentou ler. Há quem sempre me quis ler. Há quem nunca se interessou. Há quem leio e não gostou. Há quem leio e apaixonou-se. Há quem apenas procure palavras de consolo. E, há quem só perceba a teoria.

 Estamos em Abril e faz 8 meses, que ela me rejeitou. Ela não chegou a ler-me, mas se lesse apaixonava-se. Era o seu maior medo, apaixonar-se por mim, por isso afastou-me.
Eu continuo a viver aqui, na Zambujeira com os meus tios. Estou no ultimo ano da faculdade, estou excitado porque falta muito pouco é só despachar os exames e curtir o verão ao máximo já que no ano passado não foi a minha "onda".
  Depois da Joana ter aparecido na minha vida que tudo se complicou. Conheci uma tal Matilde depois dela, e tivemos um caso de uma noite, mas eu cheguei ao ponto de lhe dar o meu número, depois disso não a vi nunca mais. Mas estou todos os dias a ver uma mensagem dela no meu telemóvel. Até que um dia, recebo uma mensagem muito estranha dela. Dizia: « Olá Salvador, sei que tenho sido um bocado persistente e lamento. Quero apenas que me faças um favor, não tive coragem de pedir a ninguém e não tenho vontade de estar com ninguém, à excepção de ti. Quando leres esta mensagem, responde-me por favor.» 
Eu não sou de dar o meu número de telefone a ninguém, e mesmo assim nem o dei à Joana, e com aquela mensagem fiquei alerta. Era óbvio que lhe tinha que responder: « O que se passa? Beijo. » E segundos depois ela responde, com uma mensagem pequena mas que virou a minha vida ao contrário. « Preciso que venhas ter comigo a Almada, por favor. Sabes que senti imenso o que tivemos naquela noite no bar, e sei que contigo não aconteceu o mesmo mas peço-te que me venhas visitar. Aconteceu uma coisa terrível, preciso de ti :$ . » 


  Fui até à garagem e olhei para o skate e depois olhei para a "bike", logo depois pensei que não podia ir para Lisboa com nenhum daqueles transportes, e duvidava que o meu tio me emprestasse o carro. Subi novamente a casa e fui ao meu pequeno mealheiro que andava a juntar para uma prancha nova e tirei de lá pelo menos uns 150€ para o expresso, logo depois fui a pé até ao centro rodoviário. Levei o essencial numa mochila preta da Eastpack, e as aulas era o menos importante esta semana só tinha uma aula, e para a próxima semana tínhamos as interrupções lectivas devido à Páscoa.

*      *      *

- Olhe, desculpe, acorde! Já chegamos ao destino. - disse uma senhora com uma certa idade.
- Muito obrigado, deixei-me adormecer. - esboço-lhe um sorriso de agradecimento. Tinha chegado a Almada. Liguei à Matilde para que ela me viesse buscar porque além de não ter carro e não saber onde era a sua casa também estava a chover a potes.
- 'Tou? Olha estou no centro rodoviário, podes dar aqui um saltinho ao centro rodoviário? Está a chover, como já deves ter reparado. - espero pela sua resposta. - Ok, até já.

Cinco minutos depois, ela chegou com um Seat Ibiza cinzento com apenas dois lugares. Abri o porta-bagagens e coloquei lá a minha mala de seguida abri a porta e sentei-me ao seu lado, cumprimentei-a com um beijo em cada bochecha. Ela estava num estado lastimável, tinha a maquilhagem toda borrada devido ao choro e tinha umas olheiras enormes. Dei a iniciativa  e perguntei:

- O que se passa?
- Foi um colega meu. - disse com as lágrimas nos olhos.
- Quem? - disse com imensa curiosidade e preocupação.
- O Ricardo, teve um acidente de carro. Está de coma, e os médicos dizem que é pouco provável que recupere. - a sua guiação fica descontrolada e o choro começa a ser compulsivo.
- O Ricardo? Aquele que disseste que não te amava naquela noite que... - parei o meu discurso.
- Sim, o namorado da Joana.
- Mas, como é que isso aconteceu? - nesse momento relembrei-me da Joana pela vigésima vez hoje. Como será que ela esta, perguntava-me.
- Ó Salvador é uma longa e triste história. Estamos quase a chegar a casa, depois conto-te lá.
- Sim também acho. Agora recompõe-te! - disse-lhe palavras fracas de apoio e reconforto.

Continua.

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