Após saber que ia voltar para casa, levantei-me da cama onde estive
durante as ultimas semanas. Senti uma fraqueza nas pernas mas era normal depois
de quase dois meses sem movimento qualquer. Peguei na mala que estava em cima
da cama e dirigi-me ao grande corredor. Ao percorrer por aquele corredor passei por janelas muito limpas
onde consegui ver o meu reflexo, o meu corpo. Era impressionante como tinha
emagrecido imenso em apenas dois meses, olhei também para o meu rosto e este
estava igualmente magro e muito pálido como uma parede pintada com cal.
Desci uma escadaria enorme porque afinal de contas já estava apta para
tal. Avisto ao fundo um homem com uma certa idade e bem apresentável com uma
senhora elegante e arranjada era a senhora Núria e o senhor Félix, os meus
pais. Juntos. Deve ser a primeira vez que os vejo juntos depois da assinatura
do divorcio. Ao menos juntam-se para me receber de novo sã e salva.
- Filha. - aproximou-se o meu pai
dando-me um único beijo na face.
- Olá pai. - dirijo-me à minha mãe - Olá
mãe. Ainda bem que vieram... Os dois.
- Filha, tenho uma surpresa que vais
adorar.
- O que é pai?
- Por amor de Deus Félix, a Matilde acabou de sair do hospital e já
estás tu com as tuas aventuras. - disse a minha mãe com uma certa preocupação.
- Não sejas pessimista, e já te disse
que é seguro. Ela vai adorar e além disso não tem que ser para já. Podemos
sempre esperar que a Matilde recupere totalmente.
- Pai, diz-me de uma vez por todas,
estou super curiosa.
- Voar? Alugaste uma avioneta?
- Não, vamos fazer paraquedismo. -
sorriu mostrando todos os seus dentes.
- Brutal, pai. Obrigada. - abracei-o.
O meu pai é um homem aventureiro, até demais para os seus 39 anos de
idade mas, a verdade é que ele mantém-se em forma sempre pronto e bem de
saúde para uma grande loucura. Nós já fizemos vários desportos radicais tais
como, escalada, queda livre, BTT, e o que mais adorei até hoje: mergulho. Mas,
desde que os meus pais se divorciaram, eu o meu pai nunca mais planeamos mais
nenhuma tarde de aventura, por isso já sinto uma certa ansiedade. Já tinha saudades
da adrenalina do momento.
- Não sei porquê, mas isto não me agrada
nada . - disse a minha mãe.
- Ó Núria, não confias no que faço? Eu
sei tomar conta da minha filha.
- Se confiasse não estávamos separados
neste momento e além disso, não é a tua filha mas sim a nossa filha. - e o
inferno das discussões voltaram.
- Parem. - ordenei, antes que o meu pai
respondesse- Quero ir para casa.
- Vens comigo ou com a tua mãe?
- As gémeas vieram?
- Não, ficaram no continente com a avó
Gilda.
- Então eu vou com a mãe, sabes que
gosto de lugares calmos. Mas, se pudesse não ia com nenhum de vocês.- disse
baixinho.
- Aparece quando quiseres no Condominio,filha- dá-me um
beijo e sai em direção ao parque de estacionamento.
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