No dia
seguinte, acordei de um sono leve com um enorme estrondo que parecia não ter
fim. Abri os olhos e esfreguei-os como é habitual. O tal estrondo vinha do
corredor, eu provavelmente estou na parte dos cuidados intensivos deste
hospital então, uma maca com um rapaz deitado nela que aparentava ter pelo
menos uns 11 anos de idade percorria o corredor a alta velocidade. «Como é que
crianças tão inocentes são capazes de sofrer tanto?» Depois da maca passar vejo uma mulher a
chorar e a correr atrás da maca que levava o menino, mas rapidamente
é impedidas pelos infermeiros. Chegou uma enfermeira ao meu quarto, tinha um
ótimo aspeto e com um sorriso na cara.
- Bom dia menina Matilde.
- Bom dia. - saudei-lhe e reparei que ela trazia
algo na mão.
- Tenho aqui algumas coisas para ti.
- A notícia espalha-se rápido, estou aqui à dois
dias e já recebo presentes. - soltei uma pequena e barulhenta gargalhada.
- Vou deixar aqui em cima da mesa-de-cabeceira
e vou deixar-te sozinha. Prepara-te porque o doutor vem cá à tardinha.
- Obrigada. - disse enquanto a enfermeira de afastava
e fechava a porta para que eu tivesse mais privacidade.
Realmente eram imensas coisas mas algo
despertou a minha atenção no meio de tantos presentes de melhoras. Era uma
pequena caixa branca, pensei que fosse do meu irmão. Provavelmente, a minha mãe já lhe tinha ligado para lhe contar as
desgraças que aconteceram na sua ausência. Uma coisa que nunca me irei esquecer
foi quando ele partiu, tal como as gémeas também não se iram esquecer. Atualmente o Afonso, meu irmão, vive em Boston nos Estados Unidos da
América. Foi em 2007 que foi para lá trabalhar e tentar o chegar ao ultimo
nível do sucesso e agora pelo que sei já engravidou uma americana. Ele está sempre em sarilhos, uma mentalidade pequena num corpo tão grande. Havia
dias em que o apanhava no facebook e conversávamos para colocar as novidades em dia.
Peguei na caixa que tinha por cima
um laço cor de rosa com brilhantes e vi que não se tratava de um presente
do meu irmão. Ele não é muito dado a feminilidades, abri a caixa com um
certo cuidado e no seu interior encontrava-se uma pequena folha branca A5. Dizia:
« Como é bem possível ainda não deve ter
percebido que perdeu algo, achei que era bastante valioso para si, e como tal
mando-o como forma de lhe dar as minhas melhoras. Cumprimentos, de um bombeiro
que lhe salvou a vida. »
Fiquei estupefacta, era o meu fio de ouro
que outrora pertencia à minha avó materna. Ela oferecera-me quando estava
nas paredes da morte e este fio vale uma boa quantia de dinheiro tal como tem um grande valor significativo. Pois, este fio precioso foi oferecido à
minha avó pelo meu avô quando estes comemoraram o primeiro ano de
namoro. Nessa altura eles tinha 17 anos de idade tal como a minha avó me
ofereceu o fio eu possuía 17 anos, faz atualmente 2 anos do sucedido.
Agora aquele bombeiro mais conhecido por borrão vermelho de olhos claros,
devolvera-me. Fiquei admirada com o seu acto, pois ele podia ter vendido ou ter
ficado com ele mas não o fez.
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